Continuação
Meu pai assinava Jornal(vai com maiúscula para mostrar a credibilidade da época)
primeiro A tribuna(de Santos),depois o Estado.Chegava no trem das onze junto com a
correspondência,meu pai separava, distribuia as cartas"fulano, faz favor entrega no seuZé", esperava dispersar os alunos comprando guloseimas correndo prá aula, e abria o jornal rodeado pelos mesmos pinguços, sua platéia ouvinte cativa, no ritual sem pressa.(meu pai bancou correio por trinta anos,nunca recebeu nada,nem carta,obrigado)
O rádio ligado na Tupi,o povo da fila ouvia a interpretação das notícias do mundo.
E aí num repente tomavam a saideira e sumiam dormitar,fazer hora,esperar o trem das
quatro retornar .O noturno encerrava o ciclo,subindo ás sete. Nas quintas e segundas,cedo,(meu tio Pedro descia à noite nas quartas e domingos para ver a família que morava com o meu avós maternos,quatro
quilometros linha abaixo)meu pai perdia a hora,desembestava escada abaixo,abria as portas de ferro,fazia os lanches dos viajantes que evitavam os caros preços do vagão
restaurante.( o título é um trocadilho dos dísticos em armazéns"o fiado morreu de velho" ou " Fiado só prá acima de cem anos acompanhados dos pais".por WILSON YOSHIO.
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